
A experiência é mágica! E o contato com eles permite compreender o porquê de uma das maiores lendas de encantamentos da Amazônia é atribuída a eles, os botos. Em Mocajuba, no nordeste paraense, em meio a praias e igarapés, os botos são uma atração de destaque - se podemos assim dizer. Todos os dias os mamíferos vem a orla, próximo ao mercado municipal, pela manhã, onde ganham alimentos (peixe) e carinho da população. Para quem literalmente mergulha nesta aventura pode ainda nadar com eles e tocá-los, fazer um mimo. Um contato incrível que somente a natureza amazônica pode proporcionar. Mas, olha, é importante tomar algumas precauções e seguir as recomendações dos biólogos que acompanham e monitoram os botos. Eles têm uma preocupação enorme - e com toda razão - sobre o turismo na região.
A cidade fica distante a 232 quilômetros de Belém e está localizada as margens do rio Tocantins. São nestas águas que botos, pescadores e comunidades ribeirinhas vivem uma perfeita harmonia. Uma estrutura foi construída para facilitar a interação entre botos e humanos, é uma espécie de trapiche, que recebeu o nome de “Mirante do boto”.
Pelo menos 12 mamíferos, sendo 3 machos e 9 fêmeas, costumam visitar o mirante e acabam chamando a atenção de feirantes, pescadores, consumidores e turistas, que não resistem a esta aproximação e acabam passando a manhã juntos.
Esta interação entre humanos e botos é acompanhada e observada pelo pesquisador Ricardo Calazans. “A gente faz o trabalho de monitoramento, verifica o estado de saúde dos animais e cuida da alimentação deles. O nosso trabalho aqui também é para impedir que as pessoas acabem tentando dar alimentos que não fazem parte da dieta dos botos”, pontuou Ricardo. “O alimento deles é peixe”, frisou o pesquisador, que já impediu um turista a dar coxinhas (salgado frito) para os botos.
Uma curiosidade sobre a dieta deles é que o peixe da espécie mapará, muito consumido na região, é o favorito dos botos.
Os mamíferos catalogados pelos pesquisadores são da espécie Inia araguaiaensis (também conhecidos por botos vermelhos). “Você nota que na parte de baixo deles é bem rosa, variando para o vermelho. Quanto mais velho o indivíduo (boto) vai ficando, mais vermelhinho fica”, explicou Ricardo.

A visita dos botos ao mirante, no mercado de Mocajuba, segue uma espécie de rotina, de ritual, dos mamíferos que aparecem sempre entre os horários de 8h e 12h. “É sempre nesse intervalo de tempo”, ressalta o pesquisador Ricardo Calazans. “Acreditamos que essa passagem deles por aqui esteja relacionada principalmente ao fato de aqui eles encontrarem alimento fácil, já que as pessoas costumam dar peixe para eles”, pontua.
Desde cedo, as pessoas já começam aguardar pelos botos que anunciam a chegada vindo à superfície da água respirar. O biólogo bate as mãos suavemente na água e os mamíferos se aproximam. A partir daí o visitante faz uma espécie de troca de olhares com os botos e os tocam. É neste momento que todos se rendem ao encanto dos botos. Vale até mergulhar com eles.
Lenda do boto:
Diz a lenda que o boto da Amazônia vira homem um homem e seduz moças, principalmente em noites de festas, à beira dos rios na Amazônia. Por causa desse imaginário, o boto é considerado, pela crendice popular, como um ser encantado.


Sobre Mocajuba
Como chegar
De carro ou ônibus intermunicipal
- Segue pelas rodovias PA-151 (Alça Viaria) e depois PA-483
- Mocajuba fica distante aproximadamente 100 Km depois de Igarapé-Miri
- Quem vai de carro, precisa atravessar de balsa pelo Rio Meru (valor carro pequeno R$ 18)
Alimentação e Hospedagem
- Pousadas com diárias a partir de R$ 50 (quarto casal)
- Restaurantes servem PF a partir de R$ 10
*O Mapará assado de brasa é o mais consumido nas churrascarias.
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