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Foto: Mário Quadros |
O Forte do Presépio, no Complexo Feliz Lusitânia, é um dos “palcos” escolhidos pelo tenor Francisco Salles Palheta da Luz, 61. Ele é um dos vários talentos anônimos que se apresenta em pontos turísticos e ruas da capital paraense. No entanto, é diante dos trabalhadores do Ver-o-peso que se sente mais à vontade para cantar. No repertório, composições de Andrea Bocelli e outras que conquistaram o público nas vozes de Luciano Pavarotti e do brasileiro Agnaldo Rayol. “Aqui me chamam de 'Pavarotti paraense'. É como me conhecem”, comenta Francisco, que não se incomoda com a comparação e codinome.
Autodidata, Francisco da Luz aprendeu sobre a música clássica sozinho e hoje estuda sobre o gênero com ajuda da internet. “Eu comecei a cantar quando estreou a novela ‘O rei do gado’ (em 1996). Eu ouvi a música ‘Mia Gioconda’, cantada por Agnaldo Rayol na novela”, destaca o tenor. “O meu sobrinho me ouviu cantar e pediu para eu não parar. Fui ouvindo outras músicas e fui cantado", prossegue. "É um dom que o Criador me deu: a música, a voz”, considera.
Nascido no município de Curuçá, no nordeste paraense, Francisco da Luz serviu as Forças Armadas. Hoje luta para conseguir se aposentar e, após isso, sair em busca da realização do sonho de estudar música clássica na Europa e se apresentar em palcos italianos – nos quais ele considera ser o berço da música erudita.
Atualmente, o tenor mora num sítio em Benevides, na Região Metropolitana de Belém, e praticamente só tem se apresentado nas ruas do centro comercial e na Praça da República, aos domingos. Desta forma, Francisco já se consagra um artista de rua, porém um artística da música clássica. Daí o nome artístico “Pavarotti paraense”.
Questionado se já fez alguma apresentação no Theatro da Paz, Francisco respondeu que sim. “Uma vez. Também me apresentei durante num espetáculo na Igreja de Santo Alexandre, a convite do coral Carlos Gomes”, relembra. As apresentações foram há cerca de 3 anos, segundo ele.
Durante a semana, o "Pavarotti paraense" tem sido visto com frequência pelo Forte do Presépio, cantarolando as composições de seus ídolos. A beleza e as características do espaço lhe servem de inspiração. “O clima de Belém é gostoso. Ora faz calor, ora chove. Aqui o vento é forte e o carinho das pessoas nos tocam profundamente”, completa.
“Eu sempre dedico a música ‘Canto della terra’ (de Andrea Bocceli) para Belém, quando me apresento”, ressalta.
Cantar música clássica diante dos trabalhadores do Ver-o-peso é uma tarefa que para Francisco deixou de ser difícil A sua voz compete com os tecnomelody que toca a todo instante em aparelhos de som na Feria do Açaí, por exemplo, e mesmo assim ele consegue se sobressair com facilidade.
Quando o tenor solta a voz, parte dos trabalhadores o assistem e ouvem. Alguns aplaudem. Os turistas pedem fotos. Afinal, poucos ali imaginariam que Francisco, com suas vestimentas humildes, dota de um grande talento.
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