Pretinhos do mangue arrasta 17 mil foliões em Curuçá (PA)

 CARNAVAL 2017
Carro alegórico que puxa o bloco Pretinhos do Mangue recebe os últimos ajustes
Em Curuçá, nordeste paraense, os arrastões dos blocos de carnaval seguem até amanhã (28), mas lá a apoteose da folia de momo ocorreu, ontem (26), com o cortejo do “Pretinhos do Mangue”. O bloco é o mais tradicional da cidade e conhecido nacionalmente por apresentar um caráter ecológico ao pedir a preservação dos manguezais na região. Homens e mulheres, de todas as idades, dispensam o uso de abadá e cobrem o corpo de argila para participar da festa. A concentração é no próprio mangue e um grupo de carimbó anima os brincantes enquanto eles se lambuzavam de lama. Depois a multidão seguiu pelas ruas da cidade atrás de um carro alegórico com o boneco de caranguejo de 4 metros de largura – símbolo do bloco. O arrastão terminou com um banho de chuveiro instalado na dispersão do corredor da folia, mas os foliões continuaram a festa até a madrugada.
Segundo as estimativas da Polícia Militar cerca de 17 mil pessoas participaram do arrastão do bloco Pretinhos do Mangue. Foi a mesma quantidade de público registrada no ano passado. Os foliões começaram a chegar à cidade ainda no sábado (25) e foram bem acolhidos pelos moradores que não deixavam de agradecer a presença dos turistas. Aliás, a hospitalidade do paraense é uma das características que melhor ajuda a descrever o clima nas cidades onde o carnaval é mais forte.
“O bloco (pretinhos do mangue) em si não apresenta um tema a cada ano. A gente tenta reforçar apenas a importância de se preservar o bioma dos manguezais e as famílias que dependem dele”, destacou Edmílson Santos – o “Cafá” – que coordena o bloco de 2000. “O pretinhos do mangue foi fundado em 1989 e nos impressiona o quanto ele cresceu”, frisou.
O bloco ecológico é o mais esperado durante os 4 dias de carnaval. Os participantes chegam ao mangue por volta das 14h30 para começar a passar a argila pelo corpo. Nesse momento, os milhares de brincantes se tornam verdadeiras crianças e chegam até brincar de jogar o barro uns nos outros como se estivessem brincando de guerra.
Todavia, não é porque o corpo fica coberto de argila que todas as “fantasias” serão iguais. A criatividade também prevalece entre os “pretinhos”. O marreteiro Nilson Botelho, 43, por exemplo, carregou um pirapema de quase 10 quilos. “É um peixe comum na região de mangues. É delicioso, por sinal, e precisamos preservar estas delicias que nós temos”, disse ao ser questionado sobre o porquê do pescado como adereço.
O aposentado Antônio Macedo, 78, também buscou no próprio meio ambiente parte de sua fantasia. Ele carregou 40 caranguejos em seu corpo, coberto de argila do mangue. “Eu sou pretinho do mangue e no mangue eu faço a minha fantasia”, brincou.
O motorista Antônio Luís Costa, 42, não se lambuzou com a argila do mangue. Ele reuniu alguns amigos e se pintaram todinhos de branco. O grupo foi apelidado de “albinos do mangue”. “A gente na verdade queria só mostrar que não existe crise, mas a brincadeira ganhou outra visualização”, atentou.
Nem argila, nem tinta branca no corpo. O rodoviário Georne Pinto, de 35 anos, escolheu outra fantasia. Ele e seus amigos foram de “Alerquina”, personagem do cinema que tem envolvimento amoroso com o vilão Coringa. “O nosso grupo todo se padronizou da personagem”, disse o brincante enquanto estava sendo maquiado pela irmã.
Amanhã, 28, terça-feira de carnaval o bloco “Pretinhos do Mangue” sai mais uma vez no corredor da folia para encerrar a programação de momo em Curuçá. Porém, por ser o último dia de festa o público participante é bem menor.

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