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Foto: Rogério Uchôa |
- Nossa! Que lindo! Vocês dançam carimbó, não é? Vi vídeos na internet sobre a cultura paraense, um deles mostrava o carimbó. Acho linda a dança de vocês... Posso fazer uma foto com vocês?
- A senhora vai fazer o passeio de barco?
- Que passeio? Nesse barco aí? Não... Não daria tempo porque meu voo sai daqui a pouco. Vim, aqui, rapidinho apenas para experimentar o tão falado sorvete da Cairu e já estava de saída quando vi vocês.
- Poxa! Desculpe... É que a gente só pode fazer foto com quem vai fazer o passeio de barco. A empresa não deixa. Desculpe!
- Hã... Ah! Tá certo, então... Desculpas peço eu... Não sabia disso. Na próxima a gente faz, então. Tá certo? Obrigada!
- É que a gente não pode mesmo. Se fizermos, vão chamar a nossa atenção! É norma da empresa.
- Não, não. Tudo bem... Até a próxima!
O diálogo acima é entre uma turista, com sotaque paulista, e um casal de dançarinos de um grupo de carimbó, na Estação das Docas - um dos pontos turísticos mais visitados de Belém. O sorriso sem jeito e a expressão de constrangimento ficaram explícitos no rosto desta mulher, que acabou sendo alvo de diversos olhares. Assim como eu, várias pessoas acabaram sendo testemunhas desta situação no mínimo embaraçosa.
Como paraense - cuja característica predominante é a hospitalidade - me senti tão mais constrangido que a própria. Tive vontade de pedir desculpas por aquela situação. Como turista, eu, certamente, levaria uma imagem negativa e que não mais que exaltasse a cultura paraense.
Não concordo com esta regra, determinação, exigência... Chamem lá como quiserem esta forma de obrigar a pessoa a comprar um passeio de barco e dar a elas o direito de fazer a foto com os grupos de carimbó e folclóricos. Isto é mesquinho. Não creio que seja a forma mais inteligente de se desenvolver o turismo na cidade.
Aposto na "liberação" destas fotos como um investimento para negócios, inclusive. É cumprir com um papel importante para divulgar a cultura e o turismo. Vale ressaltar que estes mesmo grupos em diversas situações precisam "mendigar" patrocínio e apoio, tanto da iniciativa pública quanto privada, para poder se apresentar em eventos e concursos.
Caso a empresa ou a Estação das Docas se sintam prejudicados pela postagem, reforço que o espaço está aberto para eles. Por enquanto fica uma reflexão sobre como estão fazendo o "turismo" em Belém.
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