A alegria e a irreverência pediram passagem ontem, segunda-feira de carnaval, em por milhares de fantasias dos brincantes que seguiram os blocos ‘As Virgienses’ e ‘Os cabraçurdos’, os mais tradicionais da cidade e até do Estado. De acordo com os organizadores da festa, pelo menos 80 mil pessoas participaram do arrastão este ano. A maioria vestida de personagens inspirados no cinema, na literatura infatil, em artistas nacionais e, claro, muitos homens vestidos de mulheres. Até a atriz global Paola Oliveira foi lembrada pelos brincantes. Além disso, se o quesito adereço conta para a fantasia o tão falado “pau de selfie” foi o que prevaleceu nas mãos de muitos foliões. O desfile de blocos em Vigia encerrou com o “Gaiola das Loucas”, que chamou a atenção para o respeito e a tolerância ao público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).
Entre as músicas que mais animaram o carnaval de Vigia estava a “Perereca suicida” e “Pararatimbum”, ambas muito tocadas em cada esquina e nos sons automotivos. O bordão “põe a cara no sol” foi a frase mais repetida entre os brincantes.
A concentração dos blocos começou por volta das 16h, sob uma forte sensação térmica que não intimidou a quem escolheu Vigia para brincar o carnaval. Porém, cerca de uma hora antes, os primeiros personagens e caricatos começaram a se apresentar na avenida principal da cidade, que funciona como o corredor da folia.
Por ela passaram um enxame de “abelhinhas”, dezenas de Cinderelas e Minies, “noivas” e até a Ivete Sangalo e a Carmem Miranda esbanjaram simpatia na avenida. “Eu sou fã da Ivete. Todo ano mando fazer uma das roupas que ela usou no DVD para usar como fantasia”, comentou Leonardo Fortunato.
A beleza da mulher brasileira foi lembrada pelo produtor Rodrigo Gonçalves que se vestiu de Miss Brasil para brincar o carnaval. “O carnaval de Vigia não é só chegar aqui e se vestir de mulher para brincar. Acho que a gente tem que vestir um personagem e colocar a cara no sol”, frisou.
A magia do carnaval também inspira os adultos a lembrarem dos super heróis que fizeram parte da sua infância. Foi, por exemplo, o que fez alguns foliões a se fantasiarem de Tartarugas Ninjas, Mario e Luige, Mulher Maravilha e até de Chapolin Colorado. Porém, a simpatia de um grupo de mulheres que se vestiu de Pantera Cor de Rosa foi um dos destaques no carnaval da Vigia este ano.
A teledramaturgia, com personagens que mexem com o imaginário das pessoas, não ficou de fora da brincadeira. Tanto que teve gente, que se fantasiou de Paola Oliveira e caprichou na fantasia. “A Paola é um mulherão e todos comentaram muito a cena em que ela aparece só de calcinha e de costas na cortina. A gente pegou a imagem da internet e conseguimos fazer uma fantasia para lembrar esta cena que foi muito comentada”, disse Afonso Silva Filho, 24.
Este ano, os organizadores dos blocos redobraram a atenção e o cuidado para evitar que os brincantes se misturassem nos blocos. As mulheres vestidas de homens tiveram que brincar somente no bloco dos cabraçurdos. Enquanto que os homens vestidos de mulheres se limitaram às Virgienses.
Foi uma tentativa de resgatar o carnaval de Vigia, da forma que era quando os blocos foram criados. “Nós estamos resgatando a velha guarda do nosso carnaval. Tanto que o bloco será puxado por um carro alegórico que traz uma foto imensa do primeiro arrastão das Virgienses, em 1985”, ressaltou o coordenador Thiago Palheta, ao lembrar que em 2015, o bloco este ano completa 30 anos de existência.
Questionado se é As Virigienses o principal motivo para o carnaval de Vigia ser um dos maiores do Estado, ele atribui este feito ao povo da cidade. “Vigia tem uma população acolhedora. E aqui nós conseguimos reunir todas as tribos num único objetivo: se divertir. Tem gente que gosta de samba e vem pra cá. Outros gostam de tecnomelody e vem para Vigia. E todos são acolhidos da mesma forma”, enfatiza.
O carnaval é uma das datas que mais movimenta a economia e o turismo, em Vigia. De acordo com a prefeitura, cerca de 500 empregos diretos e indiretos são criados nesta época. Um balanço de quanto a folia injeta na economia local será divulgado somente após a folia momesca.
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