Redes sociais impulsionam comércio eletrônico

Daniel Jucá criador da @formers_acessorios, anuncia unicamente nas redes sociais
(FOTO: MARCO SANTOS/ DIÁRIO DO PARÁ)
O comércio eletrônico movimentou R$ 35,8 bilhões no Brasil, em 2014. É o que aponta o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) numa pesquisa que avaliou o volume de negócios realizados a partir da compra e venda de produtos por meio de sites e lojas virtuais. O valor corresponde a um aumento de 24% nas vendas em relação ao ano anterior, 2013. O Pará é responsável por 0,9% desta receita, tendo movimentado R$ 322,2 milhões em negócios no e-commerce - como também é chamada esta modalidade de comércio que realiza transações financeiras por meio de dispositivos e plataformas eletrônicas, como computadores e celulares.
Por falar em plataformas eletrônicas, são as novas mídias digitais que têm contribuído fortemente para que o comércio cresça de forma acelerada. “A gente percebe que existe, atualmente, um volume grande de negócios que começam nas redes sociais. Muitas empresas – lojas – têm aderido não somente a vender por seus sites, mas como também a se comunicar com os seus clientes por meio das redes sociais”, comenta o gerente de Atendimento da Unidade Sebrae Marcos Tadeu Alves, que não esquece também que as grandes lojas de magazine no Brasil tem vendido mais por meio eletrônico.
Em Belém, o aplicativo de compartilhamento de fotos, Instagram, passou a ser a ferramenta mais utilizada por micros e pequenos empreendedores que encontram, no aplicativo, uma oportunidade barata para anunciar, vender e expandir seus negócios. Criado em 2010, o aplicativo possui atualmente 200 milhões de usuários ativos por mês. Por dia são postadas 60 milhões de imagens.
Na prática do comércio eletrônico o Instagram funciona como uma espécie de vitrine virtual onde o consumidor encontra de tudo, desde doces à eletroeletrônicos. Nele, os empreendedores apresentam seus produtos a partir das fotos postadas para despertar o interesse de consumidores em potencial, que no caso se tornam seguidores do empreendimento. Eles curtem a publicação e dão início ao processo de compras. No geral, a negociação entre empresa e cliente é feita a partir de trocas de mensagens instantâneas no aplicativo Whatsapp.
“Estas lojas virtuais tem as mesmas de empresa física, mercado de portas abertas”. Elas envolvem, por exemplo, até uma logística de entrega”, descreve Marcos Tadeu, ao analisar as novas plataformas de comércio eletrônico. Em alguns casos, o microempreendedor já chega, inclusive, a contratar mão de obra. “São empreendedores utilizando a internet como ferramenta de trabalho”, pontuou o representante do Sebrae.
Foi justamente a utilização da internet, mais especificamente da rede social Instagram, que levou o microempreendedor Daniel Jucá, 33, a criar um perfil que funcionasse como uma vitrine para a sua grife de acessórios voltada exclusivamente para o público masculino. “A @formers_acessorios nasceu no Instagram. Num formato específico para esta plataforma digital”, destaca o empresário, ao relatar que este não é o único empreendimento que possui.
Daniel, que também é publicitário, relembra que no início confeccionava as peças apenas para uso próprio. “Os cordões, as pulseiras, eu produzia pra mim mesmo. Daí meus amigos gostavam, pediam para eu vender para eles. Foi então que vi uma oportunidade de aumentar a minha renda. Aliei o negócio a um hobby”, enfatiza o microempresário. Atualmente, a Formers rende ao microempresário uma renda extra de aproximadamente R$ 600 por mês.
Sobre a clientela, Daniel aponta que em menos de um ano a Formers Acessórios alcançou cerca de 1300 seguidores, que se tornaram clientes fieis à loja e a marca.
De acordo com o Sebrae, os produtos de moda e acessórios são responsáveis por movimentar 17,5% das vendas no comércio eletrônico, ficando a frente inclusive de comésticos, perfumarias e produtos de Saúde, segmento que movimenta 17,4% das vendas no e-commerce.
Há três anos, o microempresário Ítalo Wanghon, 21, era dono de uma loja física e de uma loja virtual onde trabalhava com a confecção e venda de camisas e canecas personalizadas. Porém, este investimento naquela época não deu certo devido a concorrência no mercado. “Belém já tinha uma loja que é referência em camisas personalizadas e para manter o site (loja virtual) eu precisava pagar hospedagem”, disse.
Atento as transformações no mercado e com uma visão empreendedora, Ítalo percebeu que as redes sociais estavam em ascensão e logo enxergou a oportunidade para conquistar o mercado, desta vez com outro tipo de produtos. “Foi quando criei a @von_store, uma loja virtual no Instagram, há quase três anos e que hoje tem aproximadamente dois mil seguidores”, ressaltou.
A partir desta loja virtual, o microempreendedor passou a comercializar acessórios para aparelhos de celular. Hoje, a loja virtual já representa um empreendimento consolidado. “Tratei logo me registrar como pessoa jurídica”, frisou ao informar que o negócio cresceu quase 200% em menos de três anos. “Eu já tive que contratar uma consultora e um motorista para atender a demanda de entregas diárias”, projetou.
As criações de perfis para negócios no Instagram não param. A todo momento surgem novos empreendimentos. Este mês, por exemplo, o microempresário Aluísio Lima com bolos artísticos e doces finos criou a @alubolosecia. Em menos de duas semanas alcançou 260 seguidores e já calcula um aumento de 70% nas ecomendas. “Foi tudo muito rápido. A procura por orçamentos também aumentou”, disse o microempresário
Antes publicidade para seu pequeno negócio, até o final do ano passado, dependia basicamente da campanha “boca a boca” feita principalmente por amigos.
Investimento
Brunno Rêgo é analista de mídias digitais
Para o analista de mídias sociais Brunno Rêgo a ascensão das redes sociais, em especial, nos negócios também se deve ao baixo custo de investimento e ao aumento da competitividade. “Micro e pequenas empresas agora podem competir de igual para igual com empresas de grande porte, já que quem as ‘escolhe’ é o público. É o público que decide se quer seguir, curtir, ou ser fã de uma determinada marca! É uma alternativa barata para divulgar marcas e produtos, mas que alcance um público cada vez maior e o aumento dos lucros”, destaca.
Para tanto, Rêgo, que também é publicitário, destaca que é importante o microempreendedor conheça a concorrência e o mercado a que propôs. “As postagens também devem ser criativas e moderadas. Não se deve postar a todo instante, a todo momento. Isso cansa a imagem da loja e ainda incomoda os seguidores”, recomenda Brunno.
Profissionalização
Não é difícil perceber o porquê do Instagram ser tão eficiente para os empreendedores. Vivemos em uma era em que as redes sociais – presentes nos aparelhos de celular, smartphones, tablets e iphone – têm transformado a comunicação e a relação entre as pessoas.
O gerente de Atendimento da Unidade Sebrae, Marcos Tadeu Alves, confirma que o comércio eletrônico, entre eles os negócios que começam pelas redes sociais, tem se apresentado um mercado extremamente promissor. “É o momento do e-comerce. Os grandes magazines vendem mais por meios eletrônicos que em suas lojas físicas”, frisa.
Questionado sobre a utilização do Instagram por micro e pequenos empreendedores, Marcos reforça que a internet como um todo é uma ferramenta de trabalho. “Quem cria estes perfis, realiza este trabalho, trabalha nos mesmo moldes de uma empresa física, uma vez que as atividades também envolvem, por exemplo, logística de entrega”, pontua.
Para quem tá começando um novo empreendimento, tanto Marcos Tadeu, do Sebrae, e Brunno Rêgo, analista de mídias digitais, recomendam que o empreendedor se profissionalize e se capacite. “Quem está pensando em abrir um negócio, deve primeiramente definir qual é o negócio e conhecer o mercado, buscar saber quem são os concorrentes e clientes em potencial. Planejamento é a palavra chave”, recomenda Tadeu.
Consumidor
Assim como a compra a compra feita em uma loja física requer alguns cuidados dos consumidores, as compras feitas por meio do comercio eletrônico também devem ser regidas de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. É o que alerta a diretora do Procon-PA, Arliane Correa. Entre as orientações básicas e os cuidados que o cliente deve ter é conhecer a loja ou o empreendimento. Além disso, o endereço e o telefone da loja devem estar descrito no perfil da loja.
“Independente da plataforma em que o consumidor estar adquirindo um produto, seja pela internet ou pelo Instagram, ele deve ficar atento e pedir a nota fiscal daquele produto”, atenta. “O consumidor também tem o prazo de sete dias para trocar o produto, caso apresente defeito”, completa Arliane.
Em caso de não cumprimento da regulação, o Procon poderá autuar o empreendimento. Entre as punições estão multas e até o fechamento da loja, mesmo que virtual.
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Dicas para quem pretende abrir um negócio utilizando o Instagram como ferramenta:
  1. Pesquisar a concorrência: se seu concorrente tiver um perfil na rede social, veja quantos seguidores ele tem, quantas imagens compartilhadas por dia e quais são os tipos de editoria (conteúdos) que ele compartilha;
  2. Crie editorias (grupos de assuntos distintos) para seus seguidores, onde elas apresentem, preferencialmente, conteúdos exclusivos e diferentes de outras contas da sua empresa em outras redes sociais;
  3. Mantenha uma média de 3 a 5 posts por semana.;
  4. Faça uso de hashtags para você localizar seus conteúdos, ser visto e gerar engajamento;
  5. "Converse" com seus seguidores. Estimule a interação com eles, seja através de sorteios, respostas de comentários ou por "Instagram direct" (envio de imagens ou vídeos para apenas determinado perfil ou perfis, sem a visualização de outras pessoas);
  6. Regularize o empreendimento junto aos órgãos da receita.
Ranking de produtos que mais movimentam o comércio eletrônico:
- Moda e acessórios: 17,5%
- Cosméticos e perfumaria/Saúde: 17,4%
- Eletrodomésticos: 11,1%- Livros e assinaturas de revistas: 8,8%
- Casa e decoração: 7,5%
- Eletrônicos: 5,4%
- Esporte e Lazer: 5,3%
- Telefonia/Celulares: 4,8%
- Informática: 4,4%
- Outros 3,5% (Fonte: Sebrae)

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