[Ex-]Cantores de brega trocam letras ousadas e polêmicas por músicas de louvor a Deus

Uma mudança cultural e religiosa que ainda provoca muita polêmica e alvo de critica entre as pessoas. Afinal, o que leva um artista a se tornar evangélico? Para muitos, a resposta parte do princípio de uma suposta prosperidade. É inegável perceber que é um segmento promissor. Também não dá para negar que o crescimento do número de novos evangélicos se deve a fatores diversos – que estão muito além de questões financeiras.
No caso de Fernando Belém o seu depoimento não difere de um discurso comum entre os recém-convertidos. O cantor estava cheio de dívidas e falido, chegou inclusive a tentar carreira política e não deu certo. O sucesso de sua carreira como cantor popular e as noitadas, no fundo, lhe renderam prejuízos que por pouco não o levaram ao “fundo do poço”. Entrevista-lo, atualmente, nada mais é do que segmentar o testemunho de sua experiência com Jesus.
Ele ressalta que a sua conversão aconteceu em um momento de fraqueza e, segundo ele, Deus tocou em seu coração e ele abriu os olhos para um novo mundo. “Geralmente as pessoas só procuram por Deus quando estão com dificuldades financeiras, problemas de saúde ou desempregadas”, atenta.
“No meu caso eu estava enfrentando dificuldades financeiras. O ‘sucesso’ leva a facilidade da gente cometer adultério. E devido a sua fama você fica com vergonha até de dizer que não tem carro e começa a emprestar e alugar sem condições. Eu estava em decadência. Vivia de aparência”, disse Fernando Belém.
Os anos de 1997 e 1998 podem ser considerados o período de maior sucesso do cantor, que fez show por todo o Brasil, na América do Sul e também no Caribe, onde foi intitulado o “rei do merengue”. Após este período o brega de salão perdeu espaço para o tecnomelody. A banda Calypso começou a fazer sucesso pela região Nordeste.
De cantor popular Fernando passou para cantor da saudade – não que isso seja um desmerecimento, porém, o seu público passou a ser mais restrito. Fazer sucesso diante disso, era sinônimo de resistência. “Entrei para a carreira política em Curuçá (nordeste paraense) em 2008, mas não ganhei as eleições. Nem o candidato a prefeito que apoiei ganhou”, acrescenta.
O cantor tinha investido todas as suas últimas economias na carreira política. Até o projeto de lançar um CD de Cumbia, em Manaus, durante a Copa do Mundo havia ficado impossibilitado de ser realizado porque não havia recursos para isso.
“Foi quando voltei para Belém com uma mão na frente e outra atrás e a minha filha, que é evangélica, falou que tinha conhecido uma pessoa que poderia me ajudar a levantar novamente. Perguntei quem seria e ela disse que era Jesus”, conta. “Daí lembrei que sempre tem uma mão para te ajudar quando você está no fundo do poço”, exaltou.
“O primeiro momento de oração aconteceu no início de uma noite de terça-feira e o pastor falou diretamente muitas coisas para mim e eu passei a acreditar”, afirma. De lá pra cá já se passaram cinco anos e Fernando Belém já lançou dois álbuns de música gospel.
“Faço shows todo final de semana e agora levo louvores a Deus”, exalta o artista. Apesar do caráter de suas músicas terem mudado, ele frisa que os louvores que canta são em ritmos de zouck, merengue e cumbia. O que, de certa forma, preserva a sua identidade enquanto cantor do povo. “Agora do povo de Deus”, brinca Fernando.
Questionado se agora tem dinheiro ou voltou a ter, o cantor sorri e diz que Deus nos dá as coisas e o que precisamos no tempo certo. Apesar de ser um evangélico recém iniciado não faz o tipo de religioso que julga as pessoas, apontado-as como “certas” ou “erradas” - até porque sabe muito o que fez no passado.
Para ele a mudança – ou transformação em sua vida, como prefere dizer – não gerou repúdio dos fãs e considera, inclusive, que ganhou até novos seguidores. “Não deletei meus amigos. Pelo contrário, hoje, posso inclusive levar a palavra de Deus para eles”, desfechou.
De “papudinho” para “amigo”
Assim como Fernando Belém, outros artistas do cenário musical paraense também trocaram os palcos por altares de igrejas. As noites de festa pelas noites de vigília e oração. O cantor Roberto Villar, que ficou conhecido como o “profissional papudinho do brega”, hoje já lançou oito álbuns de música gospel. O de maior sucesso foi intitulado ‘Roberto Villar: O amigo de Jesus’.
Por meio deste projeto, o artista eliminaria qualquer rótulo que lhe foi dado outrora. Em seu antigo site, o cantor recorria ao Evangelho de São Marcos para explicar a sua mudança. "Percebi que tudo o que temos aqui é passageiro e que depois de meu encontro com Deus fiquei livre das coisas mundanas, como bebida e prostituição", justifica.
“Guerreiro de Deus”
O ex-cantor de brega Juca Medalha se converteu para a Igreja Presbiteriana, em 2000. Hoje, com quase 40 anos de carreira como cantor ele diz que canta para Deuse é um homem renovado. Largou a bebida, o cigarro e a prostituição. Participa de correntes de evangelização junto com Roberto Villar, Mirlla Carvalho e Cícero Rossi.
Nacionais que cantam para Deus
Além dos cantores Fernando Belém, Juca Medalha e Roberto Villar, dezenas de outros artistas mudaram a carreira para cantar louvores a Deus. Esta transformação acontece, principalmente, entre artistas nacionais que se consagraram nos ritmos pop, funk, pagode e rock. Recentemente, a cantora Joelma, da banda Calypso revelou o interesse em gravar um CD gospel.
Rodolfo Abrantes, do grupo Raimundos, abriu mão da carreira no auge do sucesso para cantar louvores. Thalles, que era um músico do Jota Quest, voltou à sua antiga crença e se transformou em um dos cantores do meio gospel com maior abertura em segmentos denominados como "seculares".
Irmão Lázaro
Com a mesma energia com que hipnotizou multidões nos tempos do Olodum, Lázaro agora move legiões de fãs adeptos da música gospel, sejam evangélicos ou não, por onde passa com seus shows.
Um dos maiores nomes da música deste gênero na atualidade, ele agora vai abraçar um novo desafio: A carreira política. O Cantor deve concorrer a uma das vagas de deputados estaduais.
Fat Family
Sucesso nos anos 90, Fat Family começou a cantar músicas pop, mas após a caçula do grupo a cantora Deise ter se convertido. Um a um do grupo foi se tornando evangélico e agora cantam gospel.
Waguinho
Wagner Dias Bastos mais conhecido como Waguinho, ex-pagodeiro, se tornou cantou gospel. Waguinho foi descoberto pela grande mídia quando integrava o grupo Os Morenos. Vocalista, alcançou um grande sucesso tornando-se conhecido no Brasil e em uma boa parte do mundo.
Sarah Sheeva
Sarah Sheeva deixou o grupo SNZ no início de 2003. Muitos fãs se chocaram com o "fim do grupo". Mas Nãna e Zabelê continuam o grupo levando o mesmo nome (SNZ), mas significação diferente (Só Nãna e Zabelê).
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