Da vida ribeirinha ao turismo na ilha das Onças

Muito se fala da importância do ecoturismo na Amazônia, porém pouco se faz para termos, de fato, um turismo ecológico da maneira mais correta possível. Digo isso porque, há poucos dias, conheci a Casa do Celso, na ilha das Onças. um lugar cujo modelo de sustentabilidade deu certo - e digo mais: É um exemplo a ser seguido em vários lugares da Amazônia, quiçá do mundo. Respeita a floresta e o rio, retirando deles tudo o que se precisa para viver de forma confortável e muito bem. Sem desmatar, sem poluir. Até a decoração dos cômodos são feitos com o que a natureza oferece, além de ter alguns elementos que foram reaproveitados. Objetos e coisas que o homem urbano despeja de forma irresponsável na cidade onde mora e que acabam indo para as margens dos rios e várzeas.
A Casa do Celso permite o que poucos lugares - ditos abertos para o turismo ecológico - conseguem oferecer: Desfrutar da vivência ribeirinha indo muito além da receptividade e da acolhida. Uma experiência que não se limita à travessia de rio para comer um peixe delicioso, ali, na floresta que tem vista para a selva de pedras.
Defendo que esse lugar seja um roteiro obrigatório para quem mora na capital paraense ou está de visita pela cidade; e que se aproveite a experiência para mudar alguns hábitos, pensamentos e comportamentos. Ah! Apesar de ficar de frente para Belém-PA, a Ilha das Onças é território de Barcarena. Não há uma travessia regular para a Casa do Celso, as visitas (os passeios) precisam ser agendados previamente. Hoje, já funciona serviço de hospedagem (quarto casal).
A casa é de madeira, estilo palafita. Por sinal, casas ribeirinhas são charmosas, né? Possuem uma arquitetura rica em detalhes e acabamentos. O abastecimento de água é feito por um sistema de captação de água da chuva, projeto desenvolvido e implantado pela Ufra, na comunidade. A universidade também ajudou na construção dos banheiros ecológicos da Casa do Celso.
A energia elétrica é garantido por meio de placas solares, porém ainda de forma reduzida. Tipo, a casa ainda não tem geladeira porque a corrente é falha, estão aprimorando ainda.
Tanto no interior da casa quanto na varanda, o colorido se faz presente graças a decoração feita pela esposa do Celso. A ornamentação traz "restos" de objetos usados na navegação ribeirinha, resíduos que correnteza arrastou e que foram jogados nos rios por pessoas mal-educadas.
O café da manhã e o almoço é farto, com ingredientes e temperos caseiros. O almoço custa R$ 80 por pessoa e pode se servir e repetir à vontade, quantas vezes quiser. Destaco no café a tapioquinha e no almoço o peixe frito ou camarão com açaí, é claro. O açaí, inclusive, é produção própria. O Celso tem 5 mil pés de açaizeiro em seu terreno e da venda do fruto é que ele sustenta a família. O turismo ecológico é, por enquanto, uma fonte de renda alternativa.
O ribeirinho não prepara nenhuma programação específica para os turistas. Não tem show, não tem música (a menos que você leve a sua JBL) e nem televisão para para assistir. Tem nem sinal de celular ou internet! Quem chega na casa, vive um pouco da rotina e do cotidiano da família - e isto pode incluir um dia para a colheita de açaí ou ir buscar camarão, coisas do tipo. Quem não quiser fazer nada disso, tem a opção de ficar deitado na rede ou de aproveitar o banho de rio.
As três fotos, a seguir, foram retiradas do perfil @casa_docelso, no Instagram.

      

Como já disse anteriormente, a visita a Casa do Celso precisa ser agendada com antecedência. Este serviço é feito pelo Felipe (91 99127.1276), filho do Celso, que mora em Belém. Para quem for fazer apenas passeio (sem hospedagem), sugiro formar um grupo. Se tentar ir sozinho ou em casal/dupla, pode não rolar. Eles priorizam a visitação em grupo e sempre combinem datas com antecedência. Um barqueiro vem buscar os visitantes na prainha do Ver-o-rio, na hora combinada, e vem deixar depois. Não tem travessia regular pra lá.
No caminho ainda passamos por uma ruína de uma antiga usina, que funcionou no Ciclo da Borracha na Amazônia. O Felipe conhece a história e "estórias" do lugar. Peçam para ele contar!

A volta pra casa, atravessando a baía de Guajará.


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