Vamos preservar a Ilha da Romana


Ilha da Romana (Foto: @leafar51)
Neste 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, o blog não podia deixar passar despercebido. Por causa da pandemia de covid-19, que nos obriga restringir as viagens e manter o isolamento social, fui revirar os meus arquivos de "mochileiro" para encontrar alguma foto de viagem em que a gente pudesse exaltar a natureza. Não foi difícil! Encontrei um texto sobre a ilha da Romana - um santuário ecológico localizado no município de Curuçá-PA e que o governo federal pretende entregar para a iniciativa privada. O que não concordo! Temos de preservar e cuidar deste paraíso habitado por guarás e outras aves. Frequentados por botos e golfinhos. Inclusive, pólo de pesquisa do projeto Suruanã, que trabalha com espécies de animais que vivem no costa brasileira e tartarugas marinhas - e precisa do apoio e incentivo de todos. Que a data de hoje nos ajude a refletir sobre o que queremos e o que realmente precisamos. Um abraço a esse mundo belo que Deus nos proporciona viver!
Ilhas que tornam Curuçá um paraíso ecológico
A cidade conhecida mundialmente pelo carnaval ecológico, e nacionalmente por ser a “terra do folclore”, guarda ainda um título que poucas pessoas tiveram a oportunidade de conhecer. Ou melhor, desfrutar. Curuçá preserva em seu território um arquipélago de ilhas desertas dotadas de praias paradisíacas nas quais muitas delas ainda nem sequer foram tocadas pelo homem. Um oásis dentro de uma região banhada por rios e mar, onde o mangue e as espécies nativas da fauna e da flora dão cores, tons e cheiros ao ambiente. As praias por onde o homem já pisou na região são, na verdade, lugares onde os pescadores artesanais tem o privilégio de descansar entre uma viagem e outra ao mar. Uma rotina onde a cheia da maré determina o cotidiano, a vida.
Curuçá é um município localizado na região nordeste paraense – também conhecido como região do salgado por ser banhada pelo oceano Atlântico. A origem da palavra “Curuçá” é um neologismo que quer dizer “cruz de madeira” ou “cruz de pedras”. Esse nome está ligado a história do lugar que no século XVIII foi povoada, digamos assim, pelos padres jesuítas. Na área urbana ainda existem muitos casarões antigos no estilo europeu, comprovando a história e formação da cidade.
Geralmente a cidade é muito lembrada em duas épocas do ano: Carnaval, por causa do bloco Pretinhos do Mangue; e julho, quando ocorre o Festival de Folclore. São quatro dias de festas em que a culinária, a sabedoria popular, as danças e a culinária da região ficam em evidência.
No entanto, outros atrativos levaram a escolher Curuçá como roteiro de viagem. Um deles a ilha da Romana, talvez a mais conhecida da região e, ao mesmo tempo, um paraíso deserto.
A viagem até a ilha começa a partir do trapiche do distrito de Abade. No mês de julho a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Turismo, disponibiliza um barco para fazer viagem até a praia da Romana – em linha reta, um percurso de 10 quilômetros. A embarcação sai uma vez por dia e a passagem deve ser comprada com antecedência no Ponto de Informações Turísticas (PIT), que fica ao lado da igreja matriz.
Para o roteiro do Na Estrada (projeto que escrevi por dois anos seguido para o jornal Diário do Pará) seguimos por um trajeto diferente. Pegamos uma voadeira que partiu do trapiche do bairro do Barro Alto, no centro da cidade, e seguimos pelo furo da Mãe Grande, um braço de rio que desagua no Rio Curuçá.
O cenário é encantador. O verde da vegetação nativa dá ainda mais vida ao mangue. Guarás, garças e outras espécies de aves dão mais cores na paisagem. Elas parecem gostar de acompanhar a viagem. A paisagem muda, literalmente, com as cheias e secas da maré. Quando a equipe chegou a maré estava alta e uma revoada de maçaricos deu as boas-vindas. Na volta, com maré baixa, uma faixa de areia parece ter se estendido por quilômetros. É como caminhar por um deserto cercado de águas e mangue.
Fora da temporada o viajante precisa levar tudo, desde a comida e água potável para beber. A única estrutura que o turista encontra na ilha são as choupanas feitas por pescadores. Por isso, quem viaja até a ilha da Romana quer mesmo o contato extremo com a natureza.
Outras praias
O mesmo espírito de aventura que rege a vontade de viajar até a ilha da Romana é a que prevalece para conhecer outras praias da região. Todas apresentam o mesmo ecossistema e fazem parte da Área de Preservação Ambiental Mãe Grande. Uma das praias que ganham um destaque, neste contexto, é a chamada “Praia do Arrombado” – na qual ninguém explica, em linhas exatas, a origem nome. Há apenas “lendas”, digamos assim, que contam o porquê do batismo. Por curiosidade, esta costa fica próxima a praia do Pachicu.
Ambas são praias que se formam em meio a uma região onde o rio Curuçá encontra o mar, deixando um “sabor salobra” na praia. Algumas palafitas foram construídas na extensão de areia. São habitadas periodicamente por pescadores que, quando estão no local, convidam o turista para comer um “avuado” – peixe assado na brasa feita ali mesmo na areia e temperado apenas com sal e limão. O acompanhamento principal é farinha. Nunca um peixe será tão saboroso quanto a este.
Quem for conhecer as ilhas de Curuçá é bom se programar com antecedência. Fretar uma embarcação é essencial e – com exceção do mês de julho – não há nenhuma cooperativa ou associação que faça a travessia dos turistas.
O turista que tiver sorte pode ser contemplado com a vista de um imenso arco-íris sobre as ilhas, no final da tarde, próximo ao pôr do sol. (Foto abaixo)

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