Vamos preservar Fortalezinha

Fortalezinha, ilha de Maiandeua. Maracanã-PA.
Há quem atribua à ilha de Maiandeua uma energia mística. Um lugar encantado capaz de transformar as pessoas que visitam as praias e vilas. É como se encontrássemos, ali, um refúgio para os problemas do cotidiano e renovássemos as energias antes de retomar as atividades na cidade grande. De fato, as minhas experiências por lá confirmam este imaginário que banha a ilha e transborda positividade. Maiandeua (em tupi "mãe da terra") fica no município de Maracanã, nordeste paraense, e é bastante conhecida por causa de Algodoal. No entanto, por lá existem outras belezas naturais que vão muito além da praia da Princesa (a mais badalada de Algodoal) e que ainda são pouco conhecidas. 
A vila de Fortalezinha, que fica do outro lado da ilha, é um destes lugares mágicos que conquista os visitantes, a começar pela paisagem deslumbrante. O balneário, antes, era somente uma vila de pescadores, com uma estrutura bem rústica e que tinha a oferecer basicamente somente a liberdade do contato com a natureza. Hoje, isso ainda é a característica predominante de vilarejo que já começa a melhorar, digamos assim, a estrutura para receber os turistas e amantes da natureza. Alguns moradores locais construíram restaurantes, chalés e pousadas. 
Acampar na praia ainda é algo que prevalece entre os que frequentam Fortalezinha, assim como acontece em Algodoal. Geralmente quem vai são pessoas aventureiras ou que querem descanso. Não há vendedor ambulante na praia e nem aparelhagens sonoras nos poucos restaurantes. 
Assim como é preciso atravessar de barco para chegar em Algodoal, em Fortalezinha o acesso também é de barco pelo rio Maracanã. As canoas e rabetas que fazem esta travessia parte da vila de 40 do Mocoóca (ou vila do 40, como também é chamada). 
Fora da alta temporada, o valor da travessia custa, em média, 3 reais. Esta travessia não dura mais que 5 minutos. Para quem optar por descer do barco na própria praia pagará um pouco mais caro, cerca de 5 reais. Quem não descer na praia caminhará por uma trilha até a praia – é, geralmente, o passeio mais recomendado. A paisagem impressiona. 
Na maré baixa pequenas piscinas naturais se formam e garantem um banho refrescante. Em resumo, Fortalezinha é um oásis de tranquilidade. Um verdadeiro refúgio para aliviar o estresse.

Curiosidades sobre a ilha 
O nome Fortalezinha se deve a existência de uma antiga fortaleza construída por jesuítas durante a colonização portuguesa na amazônia. Fé e devoção: Nossa Senhora de Nazaré é a padroeira nativos da vila. A história da devoção à Virgem é centenária e contam os antigos que começou com o achado de uma imagem de Maria de Nazaré por moradores locais, que levaram para casa e misteriosamente toda a noite a réplica sumia e aparecia no mesmo lugar onde foi encontrada. Eles entenderam que ali deveriam construir uma capela em devoção a Rainha da Amazônia. Hoje a paróquia da vila recebe o nome da padroeira. Uma história que lembra a devoção em Nossa Senhora de Nazaré em Belém. 

"Arquitetura" rústicas em choupanas e cabanas de Fortalezinha 

Como chegar 
O melhor trajeto é ir para o município de Igarapé-Açu e, de lá, seguir até o vilarejo de 40 do Mocoóca, onde se atravessa para a ilha. Um ônibus da empresa Modelo faz esta viagem diariamente, partindo do Terminal Rodoviário de Belém, às 12h, e chegando ao 40 do Mocoóca por volta das 17h30/18h. O preço da passagem é de 37 reais.


Hospedagem e alimentação 
Pousadas (quartos) com diárias a partir de R$ 60 
Chalés com diárias a partir de R$ 90 
Nos restaurantes o PF custam a partir de R$ 12 e refeições para duas pessoas por R$ 25. Detalhe, os comerciantes estão sempre dispostos a negociar valores e o carro chefe do cardápio é peixe. 

Considerações do blog
Para quem estiver empolgado em conhecer este paraíso que é Fortalezinha devo alertar de algo que pode ser considerado importantíssimo: O lugar não é tão longe quanto parece, mas a viagem é longa e muito cansativa. Primeiro porque as estradas que levam até o 40 do Mocoóca são de piçarra, terra batida. Logo já sabe o que isso quer dizer, né? Durante a época de estiagem (pouca chuva) a poeira vai ser o teu horizonte durante quilômetros. Outra, não dá para correr no volante! 
A viagem de ônibus demora muito (cerca de 6 horas) porque o intermunicipal Belém/Mocoóca pára muito ao longo do caminho devido a subida e descida de passageiro em cada vilarejo. O destino final é a vila de 40 do Mocoóca, onde atravessamos de barco para Fortalezinha. Se fores voltar neste ônibus, saiba que o horário dele retornar para Belém é às 3h30 - isso, de madrugada. Da capital, ele parte às 12h. 

Ah! Outra opção é você ir até Maracanã e lá atravessar de barquinho até a comunidade São Tomé. De São Tomé pegar um ônibus que leva até o 40 do Mocoóca. Não sei os horários destes ônibus. Na volta de Fortalezinha tem um barquinho que leva de Mocoóca para Maracanã. Disseram que ele parte da vila às 6h. Chegamos às 5h50 e ele já tinha partido há cerca de 10 minutos. Logo, não há um horário fixo dessa viagem. Portanto, chegue cedo - pelo menos meia hora antes de cada um destes horários informados, inclusive no ônibus de 3h30. 
Quem for de carro, existe estacionamento privativo na vila de 40 do Mocoóca. Não me informei sobre os valores das diárias nestes estacionamentos. 
Apesar de todo esse "sufoco", tenha ciência de que esta viagem para Fortalezinha vale muito a pena! É só prestar atenção no texto que escrevi acima.

A chegada em Fortalezinha
Do trapiche do 40 do Mocoóca partem barquinhos e rabetas para Fortalezinha. O serviço não é regulado por nenhum tipo de associação ou cooperativa (como ocorre na travessia Marudá/Algodoal). Quando atravessamos na ida pagamos R$ 2,50 por pessoa, mas este valor pode variar de acordo com a "esperteza" do barqueiro ou pescador. É importante ficar atento, pois na volta, o barqueiro cobrou 10 reais para atravessar 3 pessoas em seu barco. 
Se a maré estiver baixa, o barqueiro não leva direto para a praia de Fortalezinha - como podem fazer na maré cheia e para isso cobram um pouco mais caro. Eu atravessei na maré baixa, logo tive que caminhar pela ilha por uma trilha de aproximadamente 20 minutos. O caminho na mata corta a vila de Mocoóca. 
Fortalezinha e Mocoóca ficam lado a lado e praticamente uma escolinha de educação básica é que marca os limites entre as vilas. 
O bom é que por ali todos os moradores se conhecem. Então, se você tiver alguma referência sobre para a casa de quem você está indo é quase certo que eles vão te apontar a direção e o rumo certo. A nossa guia na viagem foi a professora Kelly que nos apresentou a vila durante o caminho. Logo no início a gente caminha por uma ponte sobre uma área de mangue.
Leve em consideração que: 
- Em Fortalezinha e Mocoóca tudo é feito a pés praticamente. São poucas as bicicletas e raras a motocicletas. Há charretes na ilha, mas me recuso a pegá-las por motivos de: acho exploração contra os cavalos, jegues e burros que fazem a tração. 
- O carro chefe em todos os restaurantes e bares da ilha é o peixe - que por sinal, é sempre fresquinho e recém pescado. 
- A padaria da Edna, que fica na praça é um ótimo point para o café da manhã. 
- O "paraíso dos coqueiros" é um cantinho aconchegante e conhecer ele é obrigatório no roteiro. 
- Existem muitas trilhas em Fortalezinha. Quero voltar lá em fazer algumas!

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